Hamilton vs Donald Trump

13:40

(preste atenção na letra da música)

Desde a hora que acordei e vi que Donald Trump havia sido eleito, não consigo parar de pensar no ocorrido. Ele foi eleito mesmo demonstrando um conservadorismo absurdo e discursando raivosamente contra imigrantes. Além disso, outras declarações deixaram claro de que Trump é aquele magnata cheio de grana que vive em uma bolha, ou até no passado.  Racista, misógino, homofóbico, xenófobo. Esse é Donald Trump.

Então, do que trata esse musical?

Hamilton estreou em Fevereiro de 2015 na Off-Broadway e foi para a Broadway em Agosto do mesmo ano. Desde que estreou na Broadway, os olhos dos nova-iorquinos, americanos de outros Estados e até de várias pessoas que nem moram nos Estados Unidos, voltaram-se para esse musical. 

Na Off-Broadway, o musical já havia recebido um prêmio do Drama Desk Award for Outstanding Musical e sete do Drama Desk Awards. Esse ano ganhou o Grammy da categoria Best Musical Theater Album e, vamos ser sinceros, dia três de Maio, quando forem anunciar os indicados ao Tony Awards, sem dúvida Hamilton vai estar em muitas, mas muitas categorias e assim, dia doze de Junho, vimos o musical levar vários Tonys. (Você quis dizer, Hamilton Awards?)

O musical conta a tragetória de Alexander Hamilton, um imigrante (nascido no Caribe), pobre e bastardo que ficou órfão cedo. Tinha muita habilidade com escrita e, ao escrever um poema muito elogiado, recebeu uma bolsa de estudos. Migrou para os Estados Unidos e mais tarde, tornou-se um dos fundadores do país, além de ter desenvolvido o sistema financeiro do país e fundar o partido federalista. Seu nome é muito importante para o desenvolvimento das bases do capitalismo americano.


Mas o que ele tem de tão especial?

Lin-Manuel Miranda, que interpreta Hamilton, foi quem escreveu a peça e também, as letras. Em 2009 teve a oportunidade de apresentar a música de abertura para o Presidente Obama. Lin- Manuel explicou o projeto e a razão das músicas em hip-hop: Alexander começou do nada e cresceu graças a sua escrita, semelhante a muitos artistas cantores de hip hop. Para assistir a essa apresentação, clique 
aqui. Uma curiosidade é que Miranda disse que se o musical não tivesse suas músicas em formato de hip hop, provavelmente duraria umas 4/5 horas, sendo que sua duração é de quase 2 horas e meia.

Outra característica do musical é a diversidade (e aí entramos no assunto do primeiro parágrafo). O cast de Hamilton é tido como um dos mais diversificados na história da Broadway, tendo apenas um ator branco no elenco, o rei da Inglaterra, King George III. Em uma história com predominância branca, temos atores negros, latinos e asiáticos na frente dos personagens. Lin disse que isso também traz a discussão de que esse é os Estados Unidos de agora, não é um país de predominância branca. Se têm imigrantes, negros, latinos, asiáticos, etc. Em tempos de Donald Trump, temos um musical que apresenta a frase: "Immigrants, we get the job done!".


"I am not throwing my shot/ Hey yo, I'm just like my country, I'm young, scrappy and hungry" (Eu não vou jogar fora a minha chance, eu sou igual ao meu país, sou jovem, 'dinâmico' e  faminto). Essas são palavras de um imigrante que fundou o sistema financeiro dos Estados Unidos. Mesmo assim, existem pessoas em tal país que chamam os imigrantes de "praga" (como dito por Donald Trump).

Bem, talvez seja fácil ele dizer isso, certo? Uma pessoa que nasceu homem, branco, rico e não precisou batalhar muito para conseguir status e dinheiro. Como alguém tão preguiçoso pode falar mal de pessoas que lutam por uma melhoria na vida? Como já li uma vez, atualmente, os americanos reclamam dos imigrantes roubarem seus trabalhos, MAS, muitos dos trabalhos que eles não querem fazer, são os imigrantes que aceitam e fazem de seu ganha pão.


E as mulheres?

As Schuyler Sisters - Angelica, Eliza e Peggy - aparecem cantando a música "The Schuyler Sisters". Ao escutarmos a melodia, com certeza você irá ficar cantarolando. Eliza, foi a mulher de Hamilton e Angelica a cunhada dele. Ambas tem um papel muito importante na história, pois, após a morte de Alexander, divulgaram todos os seus estudos. Angelica foi uma mulher que - além de ter ajudado a Eliza nesse aspecto, correspondeu-se com George Washington e Marquês de Lafayette. Após a morte de Hamilton e durante a música "Who Lives, Who Dies, Who Tells Your Story", Eliza diz que "se coloca de volta na narrativa", viveu cinquenta anos a mais, e entrevistou soldados que lutaram ao lado de seu falecido marido. Ela fundou o Orfanato de New York. Como foi escrito em um artigo do "The New Yorker", ao final da peça você começa a se questionar se Hamilton não é apenas de Alexander, mas também de Eliza.


Documentário e Hamilton Mixtape

Recentemente, um documentário sobre a história de Alexander Hamilton e o musical, foi lançado na TV Americana. Durante ele, as histórias eram intercaladas entre os fatos históricos de Hamilton e também a vida de Lin-Manuel Miranda, filho de imigrantes porto riquenhos. Seu pai dá uma entrevista para o documentário e reforça a ideia de que os imigrantes são uma grande parte que faz o país crescer.

Em Dezembro, será lançada a Hamilton Mixtape, que são as músicas do musical cantadas por cantores. São vários nomes como: Usher, The Roots, Sia, Regina Spektor, Kelly Clarkson, Alicia Keys, Commom, Wiz Khalifa, John Legend, etc.

Eu sou muito fã desse musical. Não é a toa que ele se tornou um blockbuster, com ingressos esgotados a cada momento em que um novo lote é liberado. Parece até que Lin-Manuel previu o que estava a acontecer com a nação. O que eu posso dizer é: Hillary Clinton foi assistir. Já Donald Trump? Não.

Está com curiosidade agora? É possível ouvir as músicas pelo Spotify e, através delas, entender toda a história do musical:

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