Crítica: Snowden
14:46
Oliver Stone talvez seja o diretor com maior teor político de Hollywood, levando em conta seu histórico cinematográfica,
sempre com seus grandes protagonistas sob a margem do que a América acredita
ser real. Desde seu Tom Cruise pseudo patriota em "Nascido em 4 de
Julho", até a um Val Kilmer politizado fantasiado de Jim Morrison, em
"The Doors". Amado por uns, odiados por outros, aqui, Stone usa a
história de Snowden como uma oportunidade de transformá-lo em seu alter ego.
Herói ou traidor? Há quem creia que quem duvida dos EUA e de seu ideal político, é
traição. Stone acredita que independente disso, é sua marca principal.
O filme segue com bom ritmo. A história se fecha e não necessariamente necessita de explicações. Prova disso é que, em um mundo de blockbusters da Marvel e Christopher Nolan - que se explicam a cada segundo - Stone utiliza cenas em linguagens de sinais onde não é necessário legenda. A situação sobreposta minutos antes é a legenda perfeita.
Ainda assim, mais que uma biografia, é um filme de espionagem, e sobre isso não resta dúvidas, visto os planos detalhes no olho de Snowden que o diretor utiliza para estar sempre nos deixando bem claro a respeito disso.
O elenco é realmente perfeito. Joseph Gordon-Levitt tinha tudo para se tornar um novo Ashton Kutcher em Jobs, escolhido apenas pela semelhança com o biografado, porém, esbanja uma maturidade em cena que é difícil reconhecer nas diversas comédias românticas feitas por ele. A voz que tenta fazer soa estranha, mas não irrita e facilmente passa despercebida com o tempo.
Zachary Quinto, conhecido por seu papel como o vulcano Spock, em
Star Trek, personagem que tenta se afastar de seu lado emotivo, aqui, por sua
vez, interpreta Glenn Greenwald. Em seu papel como Glenn, não falta emoção. As expressões de Zachary Quinto são o que
é necessário para você entender seu personagem. Não é necessário muitas
falas.
Já a atriz Melissa Léo interpreta a documentarista Laura Poitras, que é diretora do documentário CitizenFour, que descreve o escândalo de
espionagem. O filme chegou a vencer o Oscar.
Snowden se justifica como o bom filme que é, mas não como a biografia que prometia ser. Romantizado ao extremo, o filme é uma metalinguagem da carreira de Oliver Stone.
Herói ou Traidor? O longa não nos deixa a questão da dúvida, visto a obsessão do diretor a pintá-lo sempre como um herói. Dessa vez, não é mais um filme sobre a hipocrisia americana, mas sim, sobre a hipocrisia de quem duvida do patriotismo de Stone.
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